Segue abaixo texto sugerido pela Mônica, para estudo, como referência para nosso processo!
A
Linha da Intuição e do Sentimento[1]
A
gaivota
Mais
uma série das nossas montagens de trabalhos desenvolveu-se pela linha da
intuição e do sentimento. Nesta série eu incluiria todas as peças de Tchékhov,
algumas de Hauptmann, até certo ponto A desgraça de ter inteligência de
Griboiêdov, as peças de Turguêniev, as encenações de Dostoievski e outras.
A
primeira montagem dessa série foi a peça de Tchékhov A gaivota.
Não
vou descrever os espetáculos das peças de Tchékhov, pois isto seria impossível.
Do seu encanto consiste em que não se traduz por palavras, mas está oculto
sobre elas ou nas pausas, ou nas concepções dos atores, na irradiação do seu
sentimento interior. Aí ganham vida em cena até os objetos monos, os sons, as
decorações, as imagens criadas pelos artistas, e o próprio clima da peça e de
todo o espetáculo. Isso aqui reside na intuição criadora e no sentimento artístico.
A
linha da intuição e do sentimento me foi sugerida pelo próprio Tchékhov. Para
revelar a essência interior das suas obras, é necessário fazer uma espécie de
escavação das suas profundezas espirituais. Evidentemente, isto é exigido por
qualquer obra de arte com conteúdo espiritual profundo. A Tchékhov isto se
refere em medida maior, pois não há outros caminhos para chegar a ele. Todos os
teatros da Rússia e muitos da Europa tentaram transmitir Tchékhov com técnicas
antigas de interpretação. E o que aconteceu? As tentativas fracassaram. Mencionem
pelo menos um teatro ou um único espetáculo que tenha mostrado Tchékhov em cena
através da teatralidade comum. E não foi qualquer um que tentou montar as suas
peças, mas os melhores artistas do mundo, aos quais não se pode negar nem
talento, nem técnicas, nem experiências. Só o Teatro de Arte de Moscou
conseguiu levar à cena alguma coisa do que nos legou Tchékhov, e o fez no
momento em que os artistas e a companhia estavam em fase de formação. Isto
aconteceu porque tivemos a sorte de encontrar um novo enfoque para ele. – É um
enfoque especial, e esse especial constitui a nossa principal contribuição
para a arte dramática.
As
peças de Tchékhov não revelam logo o seu valor poético. Depois da leitura, você
diz para si mesmo: "é boa, mas... não tem nada de especial, nada de
surpreendente. Tudo como deve ser. Tudo conhecido... verídico... não
novo..."
Não
raro o primeiro contato com as suas obras chega a ser frustrante. Parece que
nada temos a falar sobre elas após sua leitura. A fábula, o enredo?... Podem
ser expostos em duas palavras. Os papéis? Há muitos bons, mas não há aqueles
papéis vantajosos, aos quais o ator se lança à procura de um repertório de
bons papéis (tal repertório existe). Na maioria são pequenos papéis, "sem
o fiozinho condutor" (ou seja, são papéis de uma folha, que não exigem
linhas para a costura), nos quais nos lembramos de algumas palavras da peça,
da cena... Entretanto, coisa estranha: quanto mais soltamos a memória, mais
temos vontade de pensar na peça. Algumas passagens, pela sua ligação interna,
nos obrigam a pensar em outras ainda melhores e finalmente em toda a obra. Relemos
várias vezes e sentimos no seu interior camadas profundas.
Coube-me
interpretar nas peças de Tchékhov o mesmo papel centenas de vezes, mas não me
lembro de um único espetáculo durante o qual não se tenham revelado em minha
alma nova sensações e na própria obra novas profundidades ou sutilezas que
antes eu não havia percebido.
Tchékhov
é inexaurível porque, apesar da trivialidade que para uns ele sempre
representaria, no seu leitmotiv fundamental, espiritual, fala sempre
não do humano fortuito, particular, mas do humano com maiúscula.
É
por isto que o seu sonho com a vida futura na terra não é um sonho pequeno, um
sonho trivial, estreito mas ao contrário, é um sonho amplo, grande ideal, que
provavelmente continuará irrealizável, há de servir de meta mas cuja
realização não se poderá conseguir.
Os
sonhos de Tchékhov com a vida futura falam de uma elevada cultura do espírito,
do Espírito Universal do Homem que precisa não de "três metros de
terra" mas de todo o globo terrestre, falam de uma vida maravilhosa para
cuja criação precisamos trabalhar, suar e sofrer mais duzentos, trezentos, mil
anos.
Isto
pertence ao campo do eterno, no qual não conseguimos pensar sem emoção.
Suas
peças são muito ativas, mas esta atividade não está na forma externa mas em sua
evolução interior. Na própria inatividade das criaturas por ele criadas reside
a complexa ação interna. Tchékhov demonstrou melhor do que ninguém que a ação
cênica deve ser entendida do sentido interno e que só neste, livre de qualquer
pseudo-representação cênica, pode-se construir e fundamentar a .obra dramática
no teatro. Enquanto a ação externa no palco distrai, diverte ou incita os
nervos, a ação interna contagia, abrange a nossa alma e toma conta dela. É
claro que melhor ainda acontece quando as duas ações, a interna e a externa,
estão presentes na obra de forma intimamente ligada. A obra apenas sai ganhando
na sua plenitude e no seu caráter cênico. Entretanto a ação interna deve estar
em primeiro lugar. Por isto se enganam aqueles que interpretam nas peças de
Tchékhov a própria fábula, deslizando pela superfície e representando as
imagens externas dos papéis sem criar as imagens internas e a vida interna.
Em
Tchékhov é interessante a configuração espiritual das suas criaturas.
Engana-se
quem geralmente procura nas peças de Tchékhov interpretar, representar. Em
suas peças é preciso ser, ou seja, viver, existir, seguindo a
artéria principal da alma plantada profundamente no interior. Aqui Tchékhov é
forte pelos mais variados procedimentos, amiúde inconscientes, de exercer
influência. Em algumas passagens é impressionista, em outras simbolista,
onde precisa é realista, chegando às vezes a ser quase naturalista.
É
noite, desponta a lua, duas pessoas – um homem e uma mulher, trocam frases que
quase nada significam, prova apenas de que estão dizendo o que não sentem (as
criaturas de Tchékhov se comportam freqüentemente dessa maneira). Ao longe tocam
ao piano uma valsa trivial de taberna, que nos leva a pensar na miséria do
espírito, na trivialidade, no cotidianismo do meio. E de repente um pranto
inesperado, que irrompe do fundo do coração apaixonado e sofredor de uma moça.
Depois apenas uma frase curta, exclamativa:
"Não
posso... não posso eu... não posso..."
Essa
cena toda nada diz formalmente, mas excita uma infinidade de associações,
lembranças, senti- mentos inquietos.
Um
jovem desesperadamente apaixonado, por falta do que fazer e de maneira absurda,
coloca aos pés da sua amada uma linda gaivota branca morta. Trata-se de um magnífico
símbolo de vida.
Outro
exemplo: o aparecimento maçante de um professor prosaico, que durante toda a
peça importuna a mulher com uma única frase com a qual lhe apoquenta a
paciência: "vamos embora... a criancinha está chorando..."
Isto
é realismo.
Depois,
de repente, a cena repugnante de baixaria da mãe cabotina xingando o filho
idealista.
Quase
naturalismo.
E
no final: uma noite de outono, as gotas da água da chuva batendo na janela, o
silêncio, o jogo de cartas e ao longe uma valsa triste de Chopin; depois esta
se cala. Em seguida um disparo... uma vida que termina.
Isto
já é impressionismo.
Tchékhov
sabe como ninguém escolher e transmitir os estados de alma das pessoas,
extratificá-los em cenas acentuadamente contraditórias do cotidiano e borrifá-los
com as farpas do seu humor genuíno. E faz tudo isto não só como artista de
gosto apurado, mas também como homem que conhece o segredo do poder sobre os
corações dos artistas e dos espectadores.
Passando
de modo imperceptível de um estado de alma a outro, ele conduz as pessoas atrás
de si.
Vivendo
cada estado de alma separadamente, a gente se sente na terra, entrando no âmago
de uma rotina mesquinha e conhecida, que provoca em nossa alma uma grande
angústia e que procura uma saída. Mas Tchékhov nos familiariza de modo imperceptível
com seu sonho, sonho esse que indica a única saída para a situação, e nós nos
precipitamos para sair dela com o poeta.
Ao
enveredarmos por essa linha de um mineral aurífero situado em profundidade,
nós seguimos adiante, e mesmo quando voltamos à superfície continuamos a
sentí-la sob as palavras e as ações do papel e da peça.
Ao
olho cego parece que Tchekhóv desliza pela linha externa da fábula:, dedica-se
a representar os costumes, os pequenos detalhes da vida. Mas ele precisa de
tudo isto apenas como contraste ao sonho elevado, que vive sempre em sua alma
consumindo-se em expectativas e esperança.
Tchékhov
domina igualmente, no palco, tanto a verdade externa quanto a interna. Na vida
externa das suas peças, ele sabe como ninguém empregar e dar vida aos
acessórios de cartão mortos, decorações e efeitos luminosos. Refinou e
aprofundou os nossos conhecimentos sobre a vida dos objetos, sons e luz no
palco, que tanto no teatro como na vida exercem imensa influência sobre a alma
humana. O lusco-fusco, o nascer e o pôr do sol, a tempestade, a chuva, os
primeiros acordes matinais dos pássaros, o troféu dos cavalos pela ponte e o
ruído da carruagem que se afasta, o badalar dos relógios, o cri-cri do grilo e
o badalar dos sinos lhe são necessários não para produzir um efeito cênico
externo, mas para nos revelar a vida do espírito humano. Como separar a nós e
tudo o que aconteceu dentro de nós dos mundos da luz, do som e dos objetos,
entre os quais vivemos e dos quais tão intensamente depende a psicologia
humana? Foi inútil rirem de nós pelos grilos e outros efeitos sonoros e
luminosos dos quais lançávamos mão nas peças de Tchékhov, apenas dando vida às
inúmeras rubricas do autor. Se conseguirmos fazê-Io bem e não mal, de modo não
teatral, então merecemos antes aprovação que reprovação.
Em
meio à mentira externa, grosseira e impertinente do teatro, seria difícil
criar no palco a verdade interior, a verdade dos sentimentos e das vivências.
Com
a arte de um verdadeiro mestre, Tchékhov sabe matar as mentiras cênicas,
interna e externa, com uma verdade artística bela e autêntica. Neste caso ele é
muito exigente em seu amor pela verdade. Ele não precisa das vivências banais
diárias, que nascem na superfície da alma, nem das sensações desgastadas que
inclusive deixamos de notar e perderam completamente a sutileza. Procura a sua
verdade nos climas mais íntimos, nos recantos mais sagrados da alma. Essa
verdade inquieta pelo que tem de surpreendente, pela relação misteriosa com o
passado esquecido, com o pressentimento inexplicável do futuro, com uma lógica
especial da vida que parece ridicularizar e zombar maldosamente das pessoas,
colocando-a num impasse ou rindo delas.
Todos
esses estados de alma, pressentimentos, insinuações, cheiros e sombras dos
sentimentos intraduzíveis em palavras partem do recôndito da nossa alma e ali
entram em contato com as nossas grandes vivências: as sensações religiosas, a
consciência social, o sentido supremo da verdade e da justiça, a tendência curiosa
da nossa razão para os mistérios do ser. É como se esta região estivesse
impregnada de substâncias explosivas, bastando apenas que a nossa impressão ou
lembrança toquem como uma fagulha essa profundidade para a nossa alma explodir
e arder em sentimentos vivos.
Além
do mais, todas essas delicadíssimas sensações da alma estão impregnadas, em
Tchékhov, da poesia perene da vida russa. São infinitamente íntimas e
queridas, irresistivelmente encantadoras e por isto, ao encontrá-las, nós nos
entregamos tão facilmente ao seu efeito. A essa altura já é impossível não
começar a viver com elas.
Para
interpretar Tchékhov, é preciso antes de tudo escavar até atingir o seu veio
aurífero, entregar-se ao poder do sentido de verdade que o distingue aos
encantos do seu charme, crer em tudo e então, juntos com ele, seguirmos para
linha espiritual das suas obras em direção às portas secretas da própria supra
consciência artística. Ali, nas misteriosas oficinas da alma, cria-se o
"clima tckekhoviano", aquele recipiente que conserva todas as riquezas
e valores invisíveis da alma tchekhoviana que freqüentemente não se prestam à
conscientização.
Mas
a técnica desse complexo trabalho interno e os caminhos para a supra
consciência criadora são diversos. Nós dois, ou seja, Niemiróvitch-Dântchenko e
eu, enfocávamos cada um a seu modo Tchékhov e o tesouro espiritual oculto em
suas obras: ele, com seu método artístico-literário, de escritor, eu, com o meu
método representativo próprio da minha especialidade artística. Inicialmente
essa diferença de caminhos e enfoques para a peça nos atrapalhou. Nós nos
metíamos em discussões longas, passando das questões tão particulares para as
de princípio, do papel para a peça e para a arte em geral. A discussão
chegava a brigas, mas eram brigas de origem artística e por isso inofensivas.
Ao contrário, eram benéficas, uma vez que nos ensinava a nos aprofundarmos na
consciência da própria essência da arte. E logo desaparecia a delimitação dos
nossos enfoques e a divisão das nossas forças no teatro em papéis literário e
cênico: nós nos convencemos de que não podíamos separar a forma do conteúdo, e aspecto literário, psicológico ou
social da obra em relação aos protótipos, mise-en-scènes e formalização
material, que em seu conjunto criavam uma configuração artística da montagem.
Era
indiscutível, entretanto, que para dar resultados artísticos, o nosso trabalho
coletivo com a obra de Tchékhov exigia certa unificação das forças artísticas,
a saber: 1 – do homem de teatro e escritor, dramaturgo e professor de jovens
do teatro como era Vladímir Ivânovitch; 2 – de um diretor de cena livre dos
convencionalismos teatrais batidos, capaz de transmitir no palco o estado de
ânimo do poeta e revelar a vida do espírito humano nas suas peças através das suas
mise-en-scènes, de certa maneira de interpretação, de novas conquistas
no campo dos efeitos luminosos e sonoros; 3 – de um pintor decorador próximo
da alma de Tchékhov como era Símov.
Por
último, precisávamos de jovens atores de talento, educados com base no
beletrismo moderno como Knípper, Lílina, Moskvin, Katchálov, Meierhold,
Lujski, Gribúnin e outros. Os diretores de cena procuravam ajudar por todos os
meios os jovens artistas e encaminhá-los para o caminho verdadeiro da criação.
Como sempre, o que mais próximo havia em mão eram diferentes possibilidades
externas de direção de cena, aqueles recursos de montagem teatral de que
dispõe o diretor de cena, ou seja, as decorações, mise-en-scènes, iluminação,
som e música com auxílio dos quais é relativamente fácil criar um clima
externo.
Freqüentemente
esse clima influenciava a alma dos atores. Estes sentiam a verdade externa, e
as lembranças íntimas de suas próprias vidas ligadas a essa verdade
ressuscitavam em suas almas, tirando delas aquele sentimento de que falava
Tchékhov. Quando a artista parava de interpretar e começava a viver a vida da
peça, transformava-se em seu protagonista. O protagonista de uma peça refletia
naturalmente a alma do artista. As palavras do outro e as ações do papel transformavam-se
nas próprias palavras e atos do artista. Acontecia um milagre da criação. O
mais importante e necessário era o mistério da alma, em prol do qual valia a
pena toda a sorte de sacrifícios, suportar, sofrer e trabalhar na nossa arte.
Se
a linha da história, e dos costumes levou ao realismo externo, a
linha da intuição e do sentimento nos conduziu ao realismo interno. Deste
nós chegamos naturalmente à criação orgânica, cujos processos secretos se
desenvolvem no campo da supraconsciência artística. Esta começa onde termina o
realismo externo e interno. Esse caminho da intuição e do sentimento – do
externo para a supraconsciência, passando pelo interno – ainda não é o caminho
mais correto, contudo é o possível. Ao mesmo tempo, ele se tornou um dos
principais pelo menos na minha arte pessoal.
Foram
muito difíceis e complexas as circunstâncias em que montamos o espetáculo A
gaivota.
Anton
P. Tchékhov estava gravemente doente. Agravara-se o processo da sua
tuberculose. Neste caso, o estado espiritual dele era tal que não suportaria o
segundo fracasso de A gaivota, como acontecera na primeira encenação em Petersburgo. O insucesso
do espetáculo poderia ser mortal para o próprio escritor. Contra isto, nos
preveniu em lágrimas a irmã dele, Maria Pávlovna, implorando a supressão do
espetáculo. Entretanto nós precisávamos montá-lo a qualquer custo, pois a
situação material do teatro estava ruim e fazia-se necessário montar um novo
espetáculo. Deixo que o leitor julgue em que estado nós, artistas, entramos
em cena para a estréia da peça com uma sala nem de longe lotada (conseguimos
600 rublos de arrecadação). No palco, ouvíamos a voz que nos vinha de dentro e
sussurrava:
“Interprete
bem, magnificamente, conquiste o sucesso, o triunfo, se você não conseguí-lo,
saiba que, ao receber o telegrama, o seu escritor querido morrerá executado
pelas suas mãos. Você será o carrasco dele".
De
como nós interpretamos, não me lembro. O primeiro ato terminou com um silêncio
sepulcral da platéia. Uma das atrizes desmaiou, e eu mesmo mal me mantinha
sobre as pernas de desespero. Mas de repente, depois de uma longa pausa, um
estrondo, aplausos enlouquecidos. A cortina fechou-se... abriu-se... tornou a
fechar-se, e nós ali plantados, boquiabertos. Um novo rugido... e novamente a
cortina... Todos nós estávamos ali plantados, imóveis, sem perceber que
precisávamos fazer reverência. Finalmente sentimos o sucesso, ficamos
incrivelmente agitados e passamos a nos abraçar como se abraçam na noite de
Páscoa. E Lílina, que interpretara Macha que com suas palavras conclusivas
quebrara o gelo no coração do espectador, recebeu de nossa parte uma ovação. O
sucesso crescia a cada ato e terminou triunfalmente. Enviamos a Tchékhov um
telegrama detalhado.
Os
artistas que obtiveram maior sucesso foram Knípper (no papel de Arcádina) e
Lílina (no papel de Macha). As duas ficaram famosas nesses papéis.
Tiveram
atuação magnífica Lujski (no papel de Sórin) Artem (no papel de Chamráiev),
Meierhold (no papel de Treplev), A. V. Vichnievski (no papel de Dorn). Neste
espetáculo, sentiu-se a presença de individualidades artísticas expressivas,
talentos autênticos que pouco a pouco se transformaram em artistas, numa
companhia combativa.
Ao
nome de Tchékhov está ligado o do falecido crítico Nicolai Efímovitch Efrós, o
mais ardente admirador da arte de Tchékhov. Na estréia de A gaivota, Efrós
foi o primeiro a se lançar para a ribalta, subiu numa cadeira e começou a
aplaudir demonstrativamente. Foi o primeiro a enaltecer o Tchékhov dramaturgo,
os artistas e o teatro pela criação coletiva desse espetáculo. Desde então,
Nicolai Efímovitch Efrós incluiu-se entre os amigos próximos e íntimos do
nosso teatro, nos deu muito do seu coração meigo e apaixonado, e até o fim dos
seus dias foi um amigo constante e um cronista do teatro, que se sente diante
dele eternamente reconhecido e agradecido.
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