ANGÚSTIAS

SINOPSE

“Angustias” traz à cena o mundo dos contos de Anton Tchekhov. É uma clara materialização artística dos sentimentos plasmados nas histórias do autor. Sentimentos que, embora cotidianos, se realizam nas mais delicadas, profundas espontaneidades e surpresas.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

" A PRIMEIRA PARTE VEM DO AMOR E A SEGUNDA, DO AMOR TAMBÉM."


A partir da proposta do André......Meu nome é Aretta, estou fazendo o conto O INIMIGO e ele me chamou a atenção por que não vejo o assassinato do bebê como uma brincadeira de criança, a Varka mata a criança por que assim como ela o bebê não consegue dormir e a morte pra ela é dormir, ela gosta do bebê e por isso o mata. 


Acho importante dividir o que vivi na ultima aula: 


Tivemos uma conversa sincera, como sempre, o João estava no mesmo lugar que todos os outros naquela roda, e pedia por mais de nós. O processo vinha se bloqueando. 


Tive essa sensação no ensaio de domingo me sentia assim, angustiada por estar preza em meus fantasmas. Por não conseguir cantar. Me senti pressionada tinha que fazer aquilo rápido e acabava sempre estabanando a cena, o que não tinha entrega ao personagem.


Em meio a conversa chorei desesperadamente, por sentir algo que eu não podia explicar e não acho que seja culpa, como a Silvia me disse depois, talvez não dei tudo de mim mais vinha trabalhando os meus pensamentos e o meu corpo e principalmente a minha alma para isso.


Momentos depois da roda eu e a Letícia estávamos com a mesma sensação, despertamos para a mesma necessidade do pai que perde o filho, sentimos uma necessidade incontrolável de falar, de contar o que sentíamos, para o João ou para um dos assistentes, talvez tivessem respostas, mas não. 


O João e a Silvia nos incentivou a fazer a cena mesmo que não conseguíssemos achar sentido, e a angustia continuava. Era um processo muito maior que descobriríamos juntas.


Fui pra casa muito pensativa e a Letícia me enviou essa frase no Facebook :, "E a complexidade de uma angústia despertada em mim torna-se impossível de ser compreendida - com Aretta Darelli"
E eu respondi: Complexidade que se divide com o medo de não viver a verdade. Se não for verdade não é nada!
A Leticia concluiu com a seguinte frase, e eu acredito nela:
"'Com a arte de um verdadeiro mestre, Tchékhov sabe matar as mentiras cênicas, interna e externa, com uma verdade artística bela e autêntica. Neste caso ele é muito exigente em seu amor pela verdade. Ele não precisa das vivências banais diárias, que nas­cem na superfície da alma, nem das sensações desgastadas que inclusive deixamos de notar e perderam completamente a sutile­za. Procura a sua verdade nos climas mais íntimos, nos recantos mais sagrados da alma. Essa verdade inquieta pelo que tem de surpreendente, pela relação misteriosa com o passado esquecido, com o pressentimento inexplicável do futuro, com uma lógica es­pecial da vida que parece ridicularizar e zombar maldosamente das pessoas, colocando-a num impasse ou rindo delas. Todos esses estados de alma, pressentimentos, insinuações, cheiros e sombras dos sentimentos intraduzíveis em palavras par­tem do recôndito da nossa alma e ali entram em contato com as nossas grandes vivências: as sensações religiosas, a consciência social, o sentido supremo da verdade e da justiça, a tendência curiosa da nossa razão para os mistérios do ser. É como se esta região estivesse impregnada de substâncias explosivas, bastando apenas que a nossa impressão ou lembrança toquem como uma fagulha essa profundidade para a nossa alma explodir e arder em sentimentos vivos.'"

FINALIZANDO ACREDITO NO QUE FAÇO NAS AULAS, NÃO CONSIGO MENTIR, ACREDITO QUE TUDO É REAL, ACREDITO EM VOCÊS, NO JOÃO E NOS ASSISTENTES QUE ESTÃO SEMPRE DISPONIVEIS PRA AGREGAR NOSSO PROCESSO. QUERO PEDIR QUE NÃO DISPERDICEMOS TEMPO COM O QUE JÁ PASSOU E VAMOS TODOS TRABALHAR, SE ESFORCEM PARA NÃO ATRASAR O HORARIO, PARA RESOLVERMOS OS ULTIMOS DETALHES DE FIGURINO SEM DISCUSÕES A PRIMEIRA PARTE VEM DO AMOR E A SEGUNDA DO AMOR TAMBÉM.


Espero que minha angustia e da Letícia possa agregar para a reflexão do grupo. Só entendi o que o Tchékhov diz por que na aula passada senti de verdade a angustia e é isso que as pessoas na apresentação tem que sentir, pra isso acontecer tem que ter verdade e entrega.


Aretta Dareli - Conto: O INIMIGO




3 comentários:

  1. Aretta, eu sentia que alguma coisa te angustiava mas não imaginava que nesse ponto e isso!
    Muito obrigada por dividir isso que você e a Le sentiram. Não sei ainda dizer o que eu senti com o texto que você colocou, mas voltarei pra comentar.
    Ju

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  2. Aretta,

    Primeiro quero dizer que sua sinceridade é linda, preserve-a pois acredito que hoje em dia os processos teatrais estão carentes de sinceridade e este é um diferencial que nem sempre é valorizado. No que diz respeito à sua atuação e desempenho em nosso processo, poucas vezes não te vi entregue, acho que você leva a sua sutileza e simplicidade para a cena e isso nos comove. Apesar de perceber sua entrega a sensação que tenho como público é que você está a um passo de desmoronar. Está à beira de um colapso nervoso, uma crise , ou algo assim. Particularmente eu gosto muito desse estado em que você se coloca, porém acredito que como artistas temos que deixar claro para nós se isso faz parte da construção ou não. E uma vez claro, manter verdadeiro e vivo. Você me entende? A grosso modo eu acho sua presença incrível e como espectador eu diria: essa atriz é FODA! Mas voltando meu olhar para dentro do processo eu penso: esse "estado de angústia" é uma proposta da Aretta ou não? Talvez seja importante ter isso definido na sua trajetória para o seu crescimento como atriz, como pessoa. Ou talvez não ... afinal essa é uma opinião muito particular. Rs!

    Beijãoooo!!!!!!!

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  3. Acho que esta um pouco confuso minha resposta, mas eu tenho medo de não ser confusa.

    Depois que todo o processo, quando acaba, fico com a sensação de que eu precisava passar por isso, tenho minhas crises sim, na maior parte das vezes tento mostrar na minha postura como atriz algum tipo de critica, nesse caso, a falta de amor, e o contrario eu vejo amor, o "matar" da Varka em uma brincadeira de criança é uma forma de sessar a dor daquele bebe que também não conseguia dormir, foi por amor. Muito do meu processo é influenciada pelo meu cotidiano, me corta a alma ir para a Adolfo e ver como o ser humano esta amontoado nas calçadas como um monte de lixo. Fiz a peça da Carmen em um semestre gastamos pouco mais de 5 mil reais com figurino e cenário, quantas pessoas comeriam com esse dinheiro? qual foi a minha humanidade? o que eu ganhei naquele processo? Nunca vi tanta gente brigando por vaidade, eu inclusive. Essa foi uma coisa que lembrei e refleti.
    Diferente do que eu vejo hoje, não sei ainda se isso significa que eu já tenho isso definido, ou que me adapto, ou sei lá o que, ainda estou refletindo..... Essa observação de entender se isso faz parte ou não, de deixar claro, foi muito bom pra mim essa semana, refleti muito. E muito obrigado, me agregou muito mesmo. Quando o João fala nas aulas da verdade, eu acredito cada vez mais em tudo o que esta na minha base, em todas as transformações que me acompanharam desde do inicio da minha escolha. E nunca me senti tão certa de alguma coisa como me sinto nesse processo, por isso afirmo no post que ACREDITO.

    "Lá pode ter um novo amor pra eu viver.
    Quem sabe uma nova dor pra eu sentir.
    TuDO pOdE EsTaR LÁ, E eU AqUi!"
    (Trecho da musica:Infinito - Fresno)

    Aretta - 15-06-12

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